Colunistas Guilherme Junior

Resistência: indígenas da BS lutam por terra, respeito e dignidade

Por Guilherme Júnior. Na foto Cacique Gilson e representantes de núcleos da aldeia Tekoa Paranapuã, em SV. (Fotos: Guilherme Júnior)

A percepção de grande parte da sociedade ‘civilizada’ sobre os povos indígenas ainda soa folclórica, como em achar que eles vivem sem roupas e sem acesso a tecnologia. Mas a verdade é que, apesar de sofrerem um processo de violação cultural, muitos desses povos tradicionais conseguem se manter firmes na luta por sobrevivência e permanência. É o caso de duas tribos de etnia Guarani, localizadas em São Vicente e Praia Grande, na região da Baixada Santista, SP. Ao todo, são quase 150 pessoas que sofrem com o descaso do poder público, proibições de uso da terra e dos recursos naturais, além do preconceito e descaso com sua cultura.

 

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Em São Vicente, a tribo Tekoa Paranapuã resiste há mais de 17 anos num espaço que foi, convenientemente, transformado em Parque Estadual após a sua chegada. É um local onde já foram instaladas escolas e até uma unidade da Febem (atual Fundação Casa) e que estava abandonado. Segundo o cacique, Gilson, são 23 famílias, com mais de 80 pessoas, que estão divididas em três núcleos no local.

Por conta de uma decisão judicial, os indígenas não podem interferir no meio ambiente e
até a entrada de pessoas para ajudar a tribo é bastante restrita. Foi assim que um grupo de pessoas mobilizados a partir do Sindicatos dos Trabalhadores do Judiciário Federal de SP (Sintrajud), do Judiciário Estadual de SP (Assojubs) e do coletivo Reinado da Coruja Xamanismo quase foram impedidas de entregar doações ao grupo. Contudo, após algumas negociações, foi permitida a entrada das 17 pessoas que compunham o coletivo.

 

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Segundo Adilson Rodrigues Santos, do Sintrajud, houve uma coleta de doações de roupas, mantimentos, brinquedos e outros itens, que foram destinados a três tribos da região: Rio Silveira (Bertioga), Paranapuã e Tekoa Mirim. Mais que as doações, há um esforço desomar forças na resistência, em especial no caso de Paranapuã, onde há um risco iminente de reintegração de posse e expulsão dos indígenas. Ele ressalta que no local já houve tribos indígenas, que foram expulsas em 1973.

 

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Já a tribo Tekoa Mirim está localizada em Praia Grande, há pouco mais de 3km da Rodovia Pe. Manoel da Nóbrega. Apesar de não sofrer com o isolamento forçado, como em Paranapuã, eles tampouco têm assistência do poder público para as suas demandas. Segundo o cacique, Edmilson de Souza (cujo nome guarani é Karai’Ere), o grande risco que os ameaça é a instalação de um aeroporto, que passaria por suas terras. Ele ressalta que estão no local há sete anos, vindos de Pariquera-Açu e movidos pela visão de seu pajé. E, por isso mesmo, ele e as outras 60 pessoas que vivem alí não irão deixar de lutar por esse lugar ancestral.

 

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Aldeia Tekoa Mirim, em Praia Grande.

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