Rivaldo Venâncio, pesquisador da Fiocruz, criticou nesta terça-feira (5), em entrevista à Rádio Bandeirantes, no programa de José Luiz Datena, a reabertura de escolas anunciada por alguns prefeitos e governadores em meio à pandemia do coronavírus. Segundo ele, voltar com as atividades neste início de ano sem vacinar alunos e profissionais da educação contra a Covid-19 seria um “contrassenso”.
“Não tenho dúvida que o ideal seria fechar as escolas. Não temos elementos para sugerir a reabertura da rede escolar agora, por maiores que sejam os transtornos do ponto de vista emocional, psicológico e social nas crianças. Do ponto de vista de cautela, precaução, precisamos ter maturidade e serenidade”, disse.
“As crianças não serão vacinadas agora. Nenhuma das vacinas atualmente em desenvolvimento foi testada em crianças. Em um primeiro momento, pelo menos até julho ou agosto, elas não devem ser imunizadas. O mesmo acontecerá com os professores e outros profissionais da educação. Essa medida nós deveríamos reavaliar. Eles foram colocados no final da lista de prioridades. Esse conjunto de trabalhadores deve ser imunizado a partir de maio ou junho. Como vamos reiniciar as aulas agora? Parece um contrassenso”, completou o pesquisador.
Até o momento, ao menos 15 redes públicas estaduais anunciaram a retomada das atividades presenciais para este ano, a maioria entre os meses de janeiro e março. Em São Paulo, o retorno deve acontecer a partir de 1º de fevereiro, segundo o secretário estadual de Educação, Rossieli Soares.
CPP pede às autoridades que priorizem professores na vacinação
O Centro do Professorado Paulista protocolou nas secretarias da Educação e da Saúde do Estado de São Paulo, assim como no Governo do Estado, ofício para que os professores e os profissionais da Educação sejam imunizados na primeira etapa da campanha de vacinação contra a Covid-19, prevista para 25 de janeiro. Conforme plano do governador João Doria (PSDB), a imunização dos docentes está prevista para a fase 4. Na primeira, a prioridade abrange apenas profissionais da Saúde.
Veja o ofício protocolado pela entidade
Estima-se que 250 mil profissionais, entre diretores e professores, estão na ativa. Considerando a gravidade da pandemia de Covid-19, que coloca em risco a vida e a saúde de todos os profissionais da educação, por desenvolverem funções com grande número de pessoas, muitas delas crianças, que, via de regra, contraem a doença de modo assintomático e a transmitem silenciosamente, há que se considerar a precípua necessidade de imunização em primeira fase e de modo prioritário de todos os servidores da Educação, principalmente aqueles que atuam diretamente com alunos.
O CPP insiste na prioridade de vacinação, permitindo assim o retorno às aulas presenciais de forma segura e efetiva.